sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mostra Internacional de Cinema...

Para mim, esta Mostra Internacional de Cinema  de  São Paulo( edição 2010)é marcada por algumas peculiaridades:
Em primeiro lugar, descartamos filmes por ''incompatibilidade geográfica''. Nem pensar em, novamente, sair da Cinemateca( Vila Mariana)com destino ao Shopping Frei Caneca, com pouco mais de 20 minutos entre um filme e outro...Verdadeira ''Missão Impossível''...
Mesmo próximos, alguns cinemas nos forçam cada vez mais a sair antes do final de uma sessão para chegar( atrasados)a outra...Nossa mente fica, ao final, repleta de ''flashes'' de filmes: parte de um dinamarquês, parte de um japonês...
Ontem isto ocorreu comigo, com uma vantagem: os atrasos, cada vez mais comuns, fizeram com que eu, finalmente, pudesse assistir uma sessão ''cheia''( completa).
Os horários de alimentação também já foram para o espaço, com algumas sessões iniciando 12h...
Filmes alternativos podem ser repletos de ''clichês'', dando origem a gêneros( latino, asiático, europeu, etc.). Porém, com a rara exceção do alemão ''Anjos de Cara Suja''- uma ''bomba'', a que daria a nota mínima  de 1- mesmo as obras mais ''medianas'' estão acima da média do que se vê normalmente nos cinemas brasileiros. 
Se não fosse por isto, valeria sofrer todo este ''stress'' da Mostra  de São Paulo?
Alcnol.
PS: Uma vez mais, enquanto a cidade promete esvaziar-se neste feriado prolongado- apesar das eleições de domingo- os cinemas deverão estar, com toda certeza, bem cheios. Prepare o seu lugar...

Entre a Berrini e a Marginal Pinheiros há um ''mundo''...

São Paulo desafia ''puristas'' de todos  os tipos...
Mesmo em um simples post como este, que mostra os arredores da Praça General Gentil Falcão- no Brooklin, arredores da Avenida Luís Carlos Berrini- é quase impossível deixar de ter a impressão de que o autor deste blog ''enlouqueceu'': afinal, o que há em comum entre a Praça e os majestosos prédios ao redor?
Em comum apenas o mesmo espaço geográfico, é a resposta óbvia...São Paulo, salvo talvez nos condomínios mais afastados, não é dotada dos atributos do ''planejamento'', da ''homogeneidade''. Quem gosta de ver tudo ''certinho'', ''arrumado'', se sentirá desconfortável aqui, pois nem sequer uma mesma região é digna de receber estes adjetivos...
São Paulo já viveu diversas ''ondas'' no mercado imobiliário: de ''chique'', o centro da cidade foi sendo progressivamente abandonado( e até hoje ainda está longe de recuperar-se...), a Avenida Paulista já abrigou o ''boom'' de lançamentos imobiliários( especialmente de escritórios), mas a falta de espaço forçou a descoberta de novas áreas.
Estas novas regiões- em torno da Rua Funchal, no Itaim Bibi, ou nos arredores da Avenida Luís Carlos Berrini, que estamos mostrando- possuem algumas características surreais:  são repletas de movimento apenas durante o dia, transformando-se em ''cidades vazias'' à noite...
Quanto à busca por ''homogeneidade'', este objetivo foi parcialmente conquistado: não se vêem, de fato, moradores ''indesejáveis''( como mendigos, por exemplo)nestas ''cidades-escritório''. Quase não se vê até mesmo gente fora dos horários de pico, para falar a verdade...
Estas construções modernas, repletas de vidros fumê, não fariam feio em alguma locação de filmes de ficção científica sediados na capital paulista: se os orientais conseguem fazer películas sensacionais em cidades como Cingapura, para dar apenas um exemplo, com as ruas praticamente desertas, por que não conseguiríamos fazer o mesmo? Está lançada a ideia...
Enquanto isto, a palavra que nos vem à mente para descrever tais cenários é ''funcionalidade''. Paulistanos são bastante simpáticos ao conceito: a ''ordem'' que vislumbramos por aqui é a ''ordem'' do concreto, das ruas e dos edifícios bem desenhados, das praças em ordem( certamente mantidas assim por algumas das empresas sediadas ao redor).
Nem sempre ''funcionalidade'', e esta é a pequena crítica que fazemos, está ligada a ''humanismo''- colocar o ser humano no centro de tudo. Nas ''cidades-escritório'' paulistanas não há lugar para moradias no entorno, salvo como raríssimas exceções...Quem usa todas estas praças que estamos mostrando? Provavelmente os funcionários de todos estes escritórios, antes ou após o almoço...
Alcnol.
PS: Na ''funcionalidade'' paulistana, sequer há espaço para pedestres em diversas construções como a Ponte Estaiada. Os ''corredores de ônibus'' também são feitos no mesmo modelo, aproveitando cada centímetro de espaço disponível na cidade que, como ninguém, conseguiu fazer( e ser)uma mistura de escritório com garagem...
São Paulo não deixa de ser um verdadeiro ''altar para o automóvel''- este centro de todas as coisas. Pena que é um ''altar para carros cada vez mais imóveis''...

Avenida Luís Carlos Berrini, em São Paulo...

O passeio pelo bairro paulistano do Brooklin poderia ter acabado por aqui. E até surpreendente que não tenhamos encerrado tudo neste lugar tão cheio de tudo o que São Paulo possui de pior: barulho de buzinas, automóveis parados na faixa de pedestre mesmo com o sinal fechado, congestionamentos gigantescos...
No entanto, mesmo a Avenida Luís Carlos Berrini é capaz de possuir um certo encanto- eis um paradoxo. Sua ''feiura'' é também inseparável de um claro ar de ''modernidade'' que reveste suas construções. Se você não é capaz de enxergar isto, também não gostará muito da capital paulista- da qual a Berrini é apenas uma gota no oceano...
Se o corpo humano é capaz de, mesmo belo, apresentar defeitos como estrias e barrigas salientes, do mesmo modo a metrópole reune lado a lado suas maravilhas e suas misérias. Quem busca a ''perfeição absoluta'' deve mudar-se urgentemente para o lugar mais isolado possível: uma praia deserta, uma cidadezinha longe da tal ''civilização''.
Nós, que vivemos por aqui, mal conseguimos disfarçar nosso descontentamento e nosso ''tédio'' quando temos de abandonar toda esta ''agitação'' que nos cerca no dia-a-dia. E ,afinal, só quem tem o ''direito'' de criticar nossas ''mazelas'' somos nós mesmos, os moradores, que estamos imersos nelas. Dizem que ''roupa suja'', em família, se lava em casa...
Alcnol.
PS: Nos próximos posts, um passeio pelos arredores da Berrini...

Comer, Rezar e Amar...

Minha maior relutância em assistir este filme- no período anterior ao início da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, edição 2010- foi a sensação de que se trataria de mais um filme ''mulherzinha''( ''água-com-açúcar'', final previsível, piadas sem graça, algo para se assistir bem acompanhado e apenas por causa da companhia...).
Quanto ao final, corresponde ao que eu esperava...
No entanto, a ideia de largar tudo e passar um ''ano sabático'' viajando pelo mundo inteiro e fazendo apenas o que nós gostamos é comum aos dois sexos. Ou seja, a todas as pessoas...
E os lugares mostrados( Itália, Índia, Bali)são maravilhosos, o que só recomenda a obra em discussão.
Bali, por sinal, é um sonho antigo meu. Que perdeu um pouco de força após os atentados de 2004( creio ser esta a data, mas não tenho certeza)...
Julia Roberts, em si, já ''enche'' a tela com todo o seu charme e beleza, mas acho que a predominante plateia feminina na sessão que assisti não estava ali para vê-la...Aliás, não lembro de nenhum filme ruim com a Julia Roberts...Sinal de que ela sabe escolher muito bem os papéis, e também de que a sua simples presença em uma película já é capaz de dar-lhe um pouco mais de qualidade...
Mas por que falar neste filme em plena Mostra?
Talvez sinal de que o tal ''ano sabático'' não me saiu da cabeça desde então...
Alcnol.