sábado, 3 de julho de 2010

Somos todos ''cavalos paraguaios''...

Justiça seja feita: não sabemos qual é a origem da popular expressão ''cavalo paraguaio''. O Botafogo dispara na liderança do Brasileirão? É ''cavalo paraguaio'', dizem os críticos. E era mesmo, pois neste mesmo ano acabou lutando para não ser rebaixado mais uma vez...
''Cavalo Paraguaio'', ao menos era este o sentido da expressão, era aquele que- vistoso- disparava na frente, mas acabava chegando entre os últimos colocados... Esta Copa está se mostrando pródiga em derrubar supostos ''favoritos'' de véspera. França e Itália saíram logo na primeira fase. Equipes como Brasil e Argentina se esmeraram enfrentando( e vencendo com facilidade)''adversários'' como Coreia do Sul, Costa do Marfim, Coreia do Norte, Chile, México, e coisas do gênero. Na véspera do fatídico jogo contra a Holanda, escrevi que dois ''mata-matas'' seriam como duas ''finais antecipadas'' da Copa: Brasil x Holanda, e Argentina x Alemanha.
E alguns paralelos podem ser estabelecidos entre estes dois jogos. Duas equipes latino-americanas, dirigidas por ex-jogadores de futebol( nenhuma comparação entre os dois, claro, porque definitivamente não dá...). Nas duas partidas, as equipes latinas mostraram todo o seu desequilíbrio após serem ultrapassadas no placar... O Brasil ''desmontou'' no segundo tempo depois de uma falha incrível da defesa no primeiro gol, e a Argentina foi totalmente anulada pela equipe alemã- mostrando, igualmente, um enorme desequilíbro emocional...A Argentina jogou do mesmo jeito do início ao fim, morrendo em defesa de seu suposto ''melhor futebol do mundo''( mais uma vez não demonstrado...).
O ''futebol'' alemão não me agrada, particularmente. Como sempre, a Alemanha- não nos enganemos pelo placar elástico- preocupou-se muito mais em anular o adversário do que em jogar bola. Mas foi eficaz, extremamente eficaz nos contra-ataques e nas conclusões... Imagino que o futebol idealizado por Dunga seria algo neste estilo: time fechado, marcador, jogando nos contra-ataques e nos erros do adversário. Sendo assim, por que colhemos resultados tão díspares? Por que funciona para os alemães, e não para os brasileiros? O futebol alemão, desde que me entendo como gente, está acostumado a jogar daquela forma. É a única forma de uma equipe alemã, menos qualificada tecnicamente, vencer uma partida de futebol...Conscientes de seus defeitos e qualidades, os alemães possuem- em decorrência- uma incrível estabilidade emocional. Mesmo diante de uma virtual reação inglesa, que poderia levar a Seleção de Mick Jagger ao empate, a Alemanha não se descontrolou. Continuou praticando seu ''feijão-com-arroz'' de sempre e, mais uma vez em contra-ataques de enorme velocidade, acabou goleando a Inglaterra. Contra a Argentina não foi diferente. Até o início do segundo tempo, o jogo estava ''equilibrado''. Messi dava seus dribles, os companheiros do ataque argentino davam seus chutes pouco eficientes, e os alemães ''assistiam'' o jogo à espera do contra-ataque fatal, do ''bote'' final...A Alemanha não se abala. Possui uma ''frieza'' de espírito que todo ''matador'' deve ter para bem exercitar o seu ''ofício''...A isto, a esta inalterabilidade de espírito, se dá o nome de ''Eficiência''. Certos times costumam notabilizar-se pela maior posse de bola, pelo ''domínio'' imaginário de campo. Mas de nada adiantam estas características se não se sabe finalizar bem. Se não se ganha o jogo na hora certa, não dando ao adversário a chance de reagir. ''Odeio'' o estilo de jogo alemão, fique claro. Como bom latino-americano, sinto falta de um drible bem dado, de uma ''firula'' vistosa, de um ''olé''. Com a saída do Paraguai- que jogou muito mais do que esperávamos, sendo o latino-americano de eliminação mais ''digna'' de todas as equipes de que falamos acima- resta-nos torcer para uma improvável vitória do Uruguai. Ou para, neste confronto entre escolas, para os espanhóis- detentores do estilo mais ''latino-americano'' da Europa. Mas que esta Copa está com ''cara de Alemanha'', ah, isto está...Infelizmente... Alcnol. PS: Vizinhos na técnica, compartilhamos com os argentinos também o descontrole emocional, a soberba, a instabilidade quando as coisas começam a piorar dentro de campo, etc., etc., etc... PS2: ''Sacanear'' os ''hermanos'', nestas horas, é como o ''roto falando do esfarrapado''...