sexta-feira, 19 de junho de 2009

Duas derrotas por 2 X 0 e suas consequências...

Nem sempre o placar mostra com precisão o que foi uma partida de futebol. Há casos excepcionais de O X O em grandes jogos, disputados até o último minuto. Há hipóteses em que uma equipe consegue golear no final do segundo tempo de partidas equilibradas até ali( com dois ou três gols feitos perto do fim do jogo). Bom, a única coisa em comum entre as derrotas de Internacional-RS e São Paulo, respectivamente na última quarta-feira e ontem à noite, foi o placar. Derrotas como a do Internacional para o Corínthians, em jogo disputado no Pacaembu, são- se é que se pode utilizar o termo para um jogo em que o time foi derrotado- ''dignificantes''. O jogo foi bonito, equilibrado, o Inter poderia ter feito até um ou dois gols para complicar um pouco mais a vida dos donos da casa, decidido nos detalhes: falhas da defesa do Internacional nos dois gols, em especial no primeiro quando a bola rasteira cruzou toda a extensão da defesa do time gaúcho para encontrar o pé do jogador corintiano que a empurrou para o fundo das redes, e falha incompreensível do atacante Taison( que perdeu um gol cara a cara com o goleiro Felipe). O Corínthians, hoje o time mais regular do país, está com uma mão na taça( precisa perder por 2 x 0 ou, se fizer um gol, por 3 gols de diferença...). Mas o Internacional ainda está vivo, pode tranquilamente reverter um resultado contrário em sua casa, o Estádio Beira- Rio. Diverso é o caso do São Paulo. O resultado- um magro 2 x o- não refletiu o que foi a partida. Que fique claro aqui que não estamos ''julgando'' o caráter deste ou daquele jogador, ou buscando- como é comum neste país- ''culpados'' para crucificar. Durante a transmissão do jogo pelo Sportv( inclusive para São Paulo, capital)os comentaristas faziam questão de ressaltar a diferença entre um esforçado São Paulo, como sempre ''previsível'' e recorrendo quase o tempo todo a chutões e cruzamentos para a área adversária, e o habilidoso meio-campo do Cruzeiro, comandado pelo talentoso Vágner. Em suma: o Cruzeiro tinha um meia-atacante habilidoso que o São Paul0- mesmo com a escalação simultânea de Marlos, Dagoberto e Hernanes- não teve em momento algum. O Cruzeiro sabe tocar a bola, e ainda conta com um ataque mortal( Cléber e Wellington Paulista). O São Paulo, que excedeu-se mais uma vez no quesito passes errados, mais parecia uma Escola de Samba com alas atuando de modo desconexo e disforme. A defesa ''rifando'' a bola o tempo todo para o ataque, sem trabalhá-la adequadamente, um meio-de-campo brigador, raçudo, mas sem talento, e um ataque isolado lá na frente( é isto mesmo: de todos os responsáveis pela derrota do tricolor paulista, ''absolvo'' aqui de pronto os talentosos- mas isolados no jogo de ontem- Washington e Borges...). O Cruzeiro possui laterais, que buscam quase o tempo todo fazer jogadas de linha de fundo com grande perigo. O São Paulo, em decorrência do esquema tradicional de ''três zagueiros'' formulado por Muricy Ramalho, abriu mão dos alas( Júnior César está longe de ser o bom lateral-esquerdo dos tempos do Fluminense), não tem jogadores que saibam explorar com competência os lados do campo, e tende quase que o tempo inteiro a fazer jogadas pelo congestionado meio. Some-se a isto tudo a expulsão do ''brucutú'' Eduardo Costa( o termo não é meu; é assim que os comentaristas de futebol o chamavam no tempo em que jogava no Grêmio...), após mais uma ''botinada'' nos habilidosos adversários. Até aquele momento, ao menos o São Paulo compensava em vontade o que faltava no quesito técnico- chegando até mesmo a criar umas poucas chances de gol. O Cruzeiro ia fazendo o seu papel: esfriando o jogo, quando chegava ao ataque era bem mais perigoso...Com a expulsão de Eduardo Costa, e a inevitável saída de Washington para a entrada de Dagoberto( sabe-se lá por que a torcida são-paulina ainda continua gritando o seu nome, como se fosse um jogador capaz de ''decidir'' jogos- em minha modesta opinião não mostrou ainda no São Paulo o seu melhor futebol...), o isolado ataque do tricolor paulista morreu. Superior numérica e tecnicamente, era questão de tempo que o Cruzeiro prevalecesse no jogo. Ressalte-se que a equipe mineira até respeitou demais o São Paulo, atuando com uma cautela que enervou o seu treinador( que insistia para que o time atacasse mais). Talvez resquício de uma época em que jogar contra o time mineiro era quase como ''3 pontos certos''( nos últimos 10 jogos, até ontem, o São Paulo contabilizava 6 vitórias, 3 empates e apenas 1 derrota para o Cruzeiro...). Mas, é triste reconhecer, o São Paulo de hoje é apenas um triste e apagado resquício da equipe que conquistou o Hexacampeonato Brasileiro no ano passado. Como o super-herói que perde os seus poderes, os adversários vão se dando conta disto e partem para cima com confiança( qualidade que falta, acima de tudo, a esta ''capenga'' equipe do Morumbi)e sem medo. Assim como os torcedores adversários se uniam para ''secar'' aquele São Paulo dos últimos 3 anos- quase sempre com resultados pífios- hoje é o Corínthians aquela equipe que inspira maior temor e respeito- e aquela que permanece indiferente aos nossos esforços para ''secá-la'' a cada quarta-feira decisiva na Copa do Brasil. Regularidade, defesa consistente e ataque competente e ''matador'': em algum momento deste ano de 2009 a ''gangorra'' girou e as posições se inverteram. O alvinegro paulista, que passou pelo ''fundo do poço'' naquele final de 2007( rebaixamento para a Série B), hoje ocupa o topo da elite do futebol brasileiro( junto com Cruzeiro e Internacional). O São Paulo saiu do topo para ocupar hoje triste papel intermediário- tecnicamente e na posição dos campeonatos que disputa. Infelizmente para o tricolor do Morumbi, ''o poço não tem fundo''...A realidade é dinâmica, pode mudar a qualquer tempo. Mas o sistema de pontos corridos não admite surpresas. A equipe melhor, mais regular, mais consistente, acaba vencendo ao final de um longo torneio de 39 partidas para cada time. E hoje, pois é especificamente deste ''pós-desastre'' no Morumbi ontem à noite que nos referimos, o São Paulo está longe de personificar esta equipe...O melhor venceu- e poderia ser até por um placar mais dilatado. Grêmio e Cruzeiro, duas das melhores equipes atualmente do futebol brasileiro- certamente farão uma eletrizante semifinal da Libertadores. A nós, torcedores do tricolor paulista, resta ''catar os cacos'' e aprender as lições desta derrota humilhante dentro dos nossos domínios. Se a situação do São Paulo ainda não inspira uma ''luz vermelha''( desespero total) podemos, pelo menos, atribuir aqui um ''sinal amarelo''( Atenção Diretoria e Comissão Técnica...). Alcnol. PS: Trocar o treinador não resolverá o principal problema do time, que é a falta de jogadores talentosos- como os do Cruzeiro, diga-se de passagem...