terça-feira, 9 de setembro de 2008

O Paradoxo da Escolha...

No post anterior- ''O Paradoxo da Mudança''- examinamos como épocas de mudança são aquelas em que, paradoxalmente, as pessoas menos querem saber de mudanças. Isto porque, quando a nossa sobrevivência está em risco, este é o momento em que estaremos menos propícios a ouvir falar em ''novos métodos'' e ''novos rumos'', uma vez que já estamos no meio destes ''novos tempos''! E com a nossa cara- e outras coisas mais- exposta na janela para todo mundo ver( e jogar ovos, frutas estragadas, entre outras coisas mais...). Daí que a recessão de 29 conduziu ao nazismo e ao fascismo, ideologias conservadoras, e que a ''revolução jovem'' dos anos 60 foi feita em anos de ''bonança'' e criação de empregos...O ''paradoxo da escolha'' advém do fato de que, quanto mais coisas são postas à nossa disposição, temos mais tendência a escolher as mesmas coisas que sempre escolhemos...Peguemos as marcas de cigarro. Qualquer tabacaria de hoje tem dezenas de marcas de cigarro diferentes, com todas aquelas sub-divisões( mentolado, light, etc...). As mais vendidas, eis uma comprovação deste ''paradoxo da escolha'', são apenas umas 4 ou 5...Nenhuma novidade, apenas as mesmas marcas que já eram sucesso quando tínhamos ao todo apenas 4 ou 5 marcas...Claro que não podemos generalizar. Algumas pessoas, uma minoria, são movidas a novidades. Querem sempre experimentar, provar coisas novas. Para estas, o ideal é viver em um grande centro. Nunca estarão enjoadas...No entanto, existem muitas outras pessoas para quem a quantidade ''confunde'' ou ''cansa''. Para estas, existem partidos e candidatos ''demais'' para escolher. Existem também produtos ''demais'' nos mercados, e elas acabam, intimidadas, levando a mesma marca de sempre...Para elas, os muitos canais de TV a Cabo intimidam. E elas, caso algum dia assinem alguma destas TV's, acabarão sempre escolhendo 2 ou 3 entre os 90 que existem( exemplo brasileiro...Paulo Francis falava de 500 opções lá em Nova Iorque...). Internet? Nem pensar. ''Só em ter de escolher entre aqueles trilhões de sites...''. Há muito a humanidade se divide entre cidades ''abertas''- muito mais prósperas e progressistas- e ''fechadas''. O primeiro povo ''aberto'' foi o Fenício, lá onde se situa hoje o Líbano. Não por acaso uma nação de comerciantes...Seus navios percorriam toda a região do Mediterrâneo, boa parte do mundo à época. Roma, em decorrência de suas conquistas, acabou se tornando uma cidade ''aberta''. Seu progresso adveio disto. Como crescer e prosperar sem diferenças ou oposições internas? A América, cujo maior símbolo é a Estátua da Liberdade, cresceu acolhendo pessoas de todas as etnias, vindas de todas as partes. Nenhum outro povo muito ''homogêneo'' conseguiu sequer aproximar-se das vitórias norte-americanas. O melhor de se viver em um lugar livre é ter o direito de escolha. Poder optar entre milhares de produtos diferentes, todos lutando implacavelmente entre si por um lugar ao sol, e poder sobretudo escolher entre ideologias e candidatos diferentes a cada eleição. Tudo isto parece um ''caos'' para mentes limitadas, mas é um ''caos construtivo'' que acaba dando certo ao final- caso contrário já estaríamos todos mortos...Os soviéticos almejavam, por volta do final dos anos 50 e início dos 60, ''conquistar o mundo''. Hoje os produtos escassos dos mercados de ''propriedade do povo'' são apenas peças de museu...Quem venceu? Justamente aqueles que tinham sonhos para oferecer, e escolhas, muitas escolhas para preencher as nossas mentes. O ''paradoxo da escolha'' acaba se ligando ao ''paradoxo da mudança'': ambas são formas de tentar negar o momento único que estamos atravessando. No ''mundo plano'' de hoje tudo está ligado. Estamos todos, por isto falei outrora aqui em ''neodarwinismo'', disputando uns com os outros. Como indivíduos, e como nações. A vida não perdoa aqueles que vivem dos ''louros'' de conquistas passadas. O que você, ou seus compatriotas, não querem fazer, saiba que há milhões de ''chinezinhos'' ávidos para tal, por um décimo de seu salário...Diante das mudanças, todas estas mudanças conexas em um processo histórico irreversível, temos duas opções: temer e recuar diante dos riscos envolvidos, ou mergulhar ''de cabeça'' na corrente das mudanças. Aqueles que optarem pelo segundo caminho sairão( já estão se saindo, aliás)vencedores. Bem-vindo ao mundo da ''mudança perpétua'', a mudança continua em permanente estado de (auto)transformação...Não há nada a temer, pois já estamos dentro deste processo de ''revolução permanente'', lutando para manter nossas cabeças sobre as águas...Querer mais, e diferentemente, abundantemente, é a regra no mundo de hoje, ao qual os mais jovens parecem se adaptar com muito mais facilidade...E sem falsos dilemas ou ''paradoxos''...

O Paradoxo da Mudança...

Mudança é, e sempre foi, a palavra ''mágica'' em época de eleições. Aqui, e em todas as partes. ''Change'' é o slogan predileto de Obama e, para surpresa de muitos, até mesmo os republicanos parecem ter descoberto o efeito desta simples palavrinha. Em conseqüência, o discurso de McCain na convenção republicana se assemelhava ao discurso de um feroz oposicionista, contra os ''burocratas de Washington''( OBS: John McCain é senador em Washington há muitos anos...)e pela ''mudança''. Se, aparentemente, todos queremos a ''mudança'', quais podem ser os obstáculos? E mais: será que as pessoas querem mesmo as tais de mudanças? Vejamos um exemplo no mundo da ficção. Imagine que você é um náufrago, e foi parar em uma ilha deserta do Pacífico. É de se imaginar que você- e os demais membros da tripulação e passageiros do seu navio, avião, etc. - queira por todos os motivos voltar para casa. Certo? Errado. Em ''Lost'', seriado de que acabei de assistir todos os episódios da Primeira Temporada e brevemente iniciarei a segunda, nem todos tem uma reação tão previsível. Aqueles que mais abraçam a mudança, e se sentem como ''peixes dentro d'água em meio às incertezas e perigos do destino( como o personagem ''John Locke''), representam ,na verdade, uma minoria. O filho de outro personagem- ''Michael''- chega, sugestivamente, a botar fogo no primeiro barco que eles constroem para escapar da ilha...O motivo: ele está farto de tantas ''mudanças''( dos Estados Unidos para a Inglaterra, e depois para a Itália e, enfim, para a Austrália...!). O medo de uma nova mudança pode fazer com que queiramos queimar a nossa única chance de escapar de uma ilha deserta no meio do nada...''Mais vale'', na cabeça destas pessoas, ''um pedaço de solo firme embaixo de nossos pés''- mesmo que seja em uma ilha!- do que correr o risco de uma nova aventura...É por isto, exatamente por isto, que a mudança tão apregoada por muitos acaba, na verdade, sendo característica de poucos. MUDANÇAS TEM PREÇO, ÀS VEZES BEM ALTO...As mudanças drásticas que o mundo experimentou após a crise de 29 nos Estados Unidos geraram, como conseqüência imediata na Alemanha, um exército de novos seguidores e eleitores para os nazistas...Quando as coisas apertam, quando a crise se avizinha, na verdade este é o momento em que, embora da boca para fora continuem defendendo novidades, as pessoas menos querem saber de qualquer espécie de mudança...Nem toda mudança é fácil, nem toda mudança é para melhor...É por isto que, em meio a uma das maiores crises de todos os tempos com o fechamento de inúmeras empresas e o surgimento de milhões de novos desempregados, a América tradicional- aquela do interior, das regiões produtoras de alimentos, das inúmeras cidadezinhas- morre de medo, na verdade, de qualquer tipo de mudança. Justamente por estarem em meio a uma das maiores mudanças de todos os tempos...Os chineses, ao contrário, embarcaram com tudo no trem das mudanças. E destroem cidades inteiras, se necessário, para construir uma nova hidrelétrica ou estrada...Este é o preço, caro, que se paga por uma mudança. Vá perguntar para os camponeses da China se eles estão gostando de todo este processo...Não, porque eles estão ''pagando um alto preço'' pelas mudanças tão benéficas para os habitantes dos grandes centros...E o Brasil? O Brasil sofreu uma das maiores mudanças de sua História há quase duas décadas. O Governo Collor, reconheça-se este que foi um de seus poucos méritos, abriu o mercado para produtos importados. O Brasil, na sua opinião, precisava de um ''choque de modernidade''. Collor abriu, e os demais governantes não tiveram coragem de fechar as portas novamente...As pessoas gostaram de ter acesso a bons produtos, a preços mais acessíveis...Todos queremos o ''novo''. Todos queremos ''mudar''. O paradoxo da mudança, tema deste post, é que- quando vivemos tempos de ''Revolução Permanente'', em que a mudança, mais do que novidade, faz parte indissoluvelmente do nosso dia-a-dia- todas estas dolorosas mudancinhas nossas de cada dia vão minando cada vez mais a nossa vontade de experimentar...E a curiosidade, com o risco de ''errar'' ou ''acertar'', é o alicerce de qualquer processo de mudança digno do nome. Por isto fala-se tanto em ''mudanças'', prega-se tanto as ''mudanças'' em qualquer Manual de Negócios digno do nome, promete-se tanto as tais das ''mudanças'', e a maior parte das pessoas- como aquele simples garotinho lá de ''Lost''- quer mais é queimar as poucas balsas que podem nos salvar deste pequeno pedaço de solo no ''fim de mundo''...Pequeno mas ''nosso'', e ''firme'' ( até que chegue a primeira maré e alague toda a nossa ''ilha'', a ''ilha'' das nossas certezas e convicções). Pergunto: quem quer mudar? Cuidado, é ''arriscado''...

Pensando ao contrário...

Nas livrarias, há tempos que o livrinho com as letras invertidas na capa chamava a minha atenção. Até o momento em que deparei com um não plastificado, e comecei a lê-lo ao acaso. Foi impossível sair da loja sem levar um...Simplesmente TUDO tinha um enorme significado... Eis uma obra de difícil classificação, dada a sua utilidade para executivos, estudantes, profissionais de todas as áreas, qualquer um que queira aperfeiçoar sua vida. O autor, Paul Arden, não é modesto: ao lado de seu nome, na capa, há a informação de que ele é o ''autor do livro mais vendido do mundo''. Será este? Seria este ''Tudo o que você pensa, pense ao contrário''? Selecionamos um pequeno trecho, para dar ''água na boca'' aos nossos leitores: ''NÃO EXISTE UM PONTO DE VISTA CERTO: Existe um ponto de vista convencional ou popular. Existe um ponto de vista pessoal. Existe um ponto de vista amplo que a maioria compartilha. Existe um ponto de vista insignificante que apenas poucos compartilham. Mas não existe um ponto de vista certo. Você está sempre certo. Você está sempre errado. Depende apenas do pólo a partir do qual você é olhado. Avanços em qualquer campo se baseiam em pessoas com o ponto de vista insignificante ou pessoal'' ( páginas 78/79). Isto combina com o meu jeito de pensar. Só que eu usei inúmeros textos para tentar transmitir esta mensagem tão bem condensada pelo autor Paul Arden neste ''livrinho'', e neste pequeno trecho... Eis uma bela prova do velho ditado: ''os melhores perfumes vem nos menores frascos''...Para concluir este post, o texto ''ROUBE: Roube de qualquer lugar que resulte em inspiração ou incendeie sua imaginação. Devore filmes, música, livros, pinturas, poemas, fotos, conversas, sonhos, árvores, arquitetura, placas de rua, nuvens, luz e sombras. Escolha para roubar apenas coisas que falem diretamente á sua alma. Se fizer isto, seu trabalho( e roubo)será autêntico. A autenticidade é inestimável. A originalidade não existe. Não se dê ao trabalho de ocultar seu roubo- celebre-o se quiser. Lembre o que Jean Luc Godard disse: ' Não importa de onde você tira as coisas- importa é para onde você as leva'. Ao final Paul Arden acrescenta, em letras minúsculas: ''Roubei isto de Jim Jarmusch'' ( cineasta norte-americano). Este texto ''Roube'' está na página 94...Aos que acharem caro um livro que custa, no Brasil, R$29,90, um lembrete: ele vale muito mais do que isto...Se eles optassem por uma edição ''baratinha''/''popular'', teriam de cortar boa parte das inúmeras ilustrações que fazem parte desta bela e inspiradora obra...PS: Título em inglês- ''Whatever you Think, Think the Opposite''. Edição brasileira: Editora Intrínseca, Rio de Janeiro, 2008.