terça-feira, 10 de junho de 2008

Incômoda prática: os ''chiqueirinhos'' nos estádios de futebol...

Claro que você quer mais que o outro time se dane mesmo. Que seja massacrado. Mas dentro de campo. O que está se generalizando, na acomodação das torcidas adversárias em estádios de futebol, vai além do mínimo de civilidade. Nós últimos 2 jogos do Corínthians na Copa do Brasil, em um estádio com capacidade para 70 mil pessoas como é o Morumbi, as torcidas adversárias- de Botafogo e Sport- foram ''agraciadas'' com cerca de...mil ingressos...Dizem que há uma tentativa de regulamentação por parte da CBF, e que as duas equipes acima referidas ''não comunicaram ao órgão superior do futebol brasileiro com 3 dias de antecedência'', etc. Conversa fiada! O torcedor das equipes visitantes é sempre maltratado nos estádios de futebol, e obrigado a ocupar os piores lugares. Sua presença é ''pro forma'', uma vez que é difícil quantificar quanto representam 1000 torcedores em 65 mil. Isto está se generalizando, e é aceito por todos como uma forma de ''evitar brigas entre torcedores de times rivais''. Assim, um Atletiba normal tem 30 mil torcedores do Coritiba, no Couto Pereira, contra 2 mil atleticanos. Um Figueirense X Avaí tem casa cheia de torcedores do Figueirense, e cerca de mil torcedores do Avaí- que mal conseguem se fazer notar( a não ser que o seu time ganhe...). No Parque Antártica, estádio do Palmeiras, as torcidas rivais são colocadas em um lugar fora do anel das arquibancadas. Não é nem atrás de um dos gols...Em nome da ''segurança'' ou do que quer que seja, generalizam-se os jogos ''de uma torcida só''. Apenas o Maracanã e o Mineirão, para falarmos dos grandes centros futebolísticos nacionais, comportam finais de campeonato com divisões equânimes de ingressos para as duas torcidas dos times finalistas. Toda esta prática dos ''chiqueirinhos'' me parece odiosa, fascista. Agora, na final da Copa do Brasil, uma das equipes praticantes desta conduta anti-desportiva vai colher o resultado do que plantou: jogará a segunda partida em Recife e, ''como de praxe'', receberá meros...2 mil ingressos...A maior torcida de São Paulo terá de contentar-se com 2 mil ingressos em uma decisão de campeonato...Este é o retrato de uma prática odiosa, disseminada por todos os lados. Não sei sequer se ''disciplinar'' a questão garantindo um mínimo de 10% dos ingressos para os visitantes significaria muita coisa. Tratar as ''visitas'' deste modo, em qualquer outro sentido que não seja o do futebol, ah, isto significa muita coisa...

Perto e longe do mar...

Quando menino, eu era viciado em mar. A ponto de passar horas dentro d'água, sem entender porque todos aqueles adultos se contentavam em apenas ficar na areia- tomando sol/conversando/lendo, etc. Eu nasci longe do mar, no Planalto Central, e por este motivo contava os dias e as horas para, enfim, poder voltar a ''pular'' as ondas, ''pegar jacaré'', construir os meus castelos na areia, caminhar por quilômetros à beira-mar, sem sequer pensar em cansaço. Hoje eu moro não à beira-mar, mas muito mais próximo do mesmo do que jamais em minha vida. Basta um pequeno ''pulo'' de cerca de uma hora- aumentada para pelo menos 5 horas nos feriados- para poder botar os meus pés na areia. No último fim-de-semana o convite apareceu e eu, para minha própria surpresa, rejeitei a idéia com veemência. Mesmo morando em São Paulo, o que para qualquer ser humano ''normal'' já seria pretexto para sonhar com uma mudança de ares, a idéia de passar um fim-de-semana inteiro à beira-mar me pareceu um ''desperdício''. Aqui eu tinha muito mais coisas ''interessantes'' a fazer.Um almoço gostoso aqui, outro filme legal ali, uma passadinha em uma livraria, lanche em um café, jantar em uma boa lanchonete... É, adulto eu estou ''dando as costas'' para o mar. Como todos aqueles adultos que, para meu horror, faziam isto quando eu era menino...Mesmo quando chega o final do ano, e eu faço meus programas à beira-mar, ou quando consigo dar uma ''escapadinha'' para visitar a Cidade Maravilhosa, mesmo lá o mar parece distante, ''inconquistável''. Lá, podendo me esbaldar, mergulhar, passar horas dentro d'água como fazia quando era menino, eu me junto a todos aqueles adultos que passeiam pelo calçadão das praias da Zona Sul. Até mesmo entro por aquelas ruas todas de Ipanema e do Leblon, em busca de outras atrações como Casas de Suco, Livrarias e Restaurantes, e acabo me contentando com a proximidade do mar, com aquele ventinho gostoso que compensa o fato de estarmos em uma cidade onde a temperatura média se aproxima dos 40 graus...No Rio, para surpresa dos meus conhecidos, eu não me queixo de calor...Mas o que estávamos falando é como alguém, que era ''viciado'' em entrar no mar, em tomar banho de mar, acaba virando mais um adulto para o qual o mar é mais uma ''vista'' qualquer- e que vista!- do que uma necessidade visceral. No que se refere ao mar isto é inegável: minha relação hoje em dia é muito mais de ''voyer'' do que de participante ativo...Nestas horas é de se indagar mesmo se toda a nossa ''grandeza''- todos os nossos aparelhos tecnológicos, automóveis, televisores, shopping centers, celulares- se tudo isto não está mesmo nos levando a uma loucura coletiva, a um estado de alucinação generalizado em que pensamos que somos maiores do que as ''pequenas'' coisas da natureza( como o sol, o mar, os pássaros cantando, os rios, etc.). Não somos...Neste último final-de-semana eu pude ir ao mar e não fui. Isto é mais do que uma ''pequena decisão''. Há muito mais implícito neste gesto do que eu possa imaginar. Melhor parar este ''post'' por aqui, porque tudo o mais que eu tentar explicar poderá ser utilizado contra mim mesmo...