terça-feira, 27 de maio de 2008

Palavras, e seus significados...

Se alguém me convida para cear em sua casa, e logo após a refeição pergunta o que achei, saio-me com esta: - ''esta refeição é única''. E não estou mentindo. TUDO é único, peculiar, sem igual. Agora, há ''únicos'' e ''sem iguais'' bons, e outros nem tanto. Uma transa pode ser ''peculiar'', ''excêntrica'' ( termo caro aos ingleses)e ser uma droga. ''Que tal, meu bem''?, ela pergunta. ''Você é única meu amor''. E bota ''única'' nisto. De repente ela saca um chicote e te dá umas vergastadas no traseiro, ou pede que você bata nela, ou morda- e bem forte...Isto é ou não é bem ''peculiar'', ''único''? Tão ''único'' que você anota o número do telefone dela e diz ''eu te ligo''( bem, isto não é tão original...mesmo sendo loira, esta ela pode entender...). Outra palavra interessante é ''satisfeito''. Os garçons, ao recolher os pratos, costumam perguntar sempre se estamos ''satisfeitos''. Quando o serviço e a comida excederam minhas expectativas, em um padrão de excelência que espero sempre que vou a um restaurante, replico que ''não, não estou satisfeito''. O garçom fica surpreso, e eu finalizo com esta: ''estou mais do que satisfeito''. A comida estava excelente, etc., e não economizo nos elogios. Não acredito- como algumas pessoas fazem, no relato do garçom- que ''não podemos elogiar alguém porque ele/ela pode ficar muito convencido/a e baixar o nível do que faz''. Ao contrário: os seres humanos são movidos muito mais por elogios que por broncas ou ceticismo, ou mesmo por agrados financeiros( se bem que não dispenso isto quando sou bem atendido...). Um elogio sincero, e aquela pessoa estará ''fisgada''- e demonstrará o seu agrado da próxima vez que você for àquele lugar. Infelizmente, no nosso mundo os elogios são mais raros que as gorjetas. Bem mais raros. Estar ''satisfeito'', para usar o linguajar dos garçons, é algo que não me faz querer repetir algo. ''Satisfeito, para mim, não satisfaz''...''Satisfatório'' lembra aquela nota mínima para a aprovação na escola. A média era 6, passamos com 6,1- raspando. ''Satisfatório'' para todo mundo: nossos pais não cortavam nossa mesada e podíamos viajar no final do ano, enquanto os coleguinhas da turma ficavam de ''recuperação'' ( como o Corínthians na série B do Brasileirão...). ''Satisfatório'' lembra ''regular''- que é a nota mais atribuída pelos brasileiros a qualquer governo. ''Satisfatório'' lembra mediano. E, por que nos daríamos ao trabalho de muitas vezes cruzar a cidade para ter uma experiência mediana? Com 12500 restaurantes, boa parte deles patinando nesta categoria média, o que nos faria escolher este ou aquele? O diferencial é a excelência. Precisa ser, no mínimo, muito bom para querermos repetir. Seja o restaurante, a pessoa, a cidade, a loja, o livro, o blog, etc. O excesso de oferta faz com que fiquemos cada vez mais exigentes, ''luxentos''- para usar o termo que ouvi de alguém esta semana...