quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Voltas que a vida dá...

Há poucos dias, descobri aqui em São Paulo um lugar com um nome incomum: ''O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo''. Diz um folheto da doceria que ela surgiu em Lisboa, como um restaurante. Que servia um bolo de chocolate que era elogiado por muitos, que confessavam comer no tal restaurante só para comer o bolo de chocolate como sobremesa. E que os mais entusiasmados o qualificaram como ''melhor bolo de chocolate do mundo''. O apelido ficou, o restaurante fechou e virou doceria, uma jornalista brasileira conheceu e se entusiasmou, trazendo a tal iguaria para São Paulo. A lojinha só serve DUAS espécies de bolo- o tradicional e um com chocolate meio amargo- além de um café expresso e um vinho do porto para acompanhar as guloseimas. O bolo realmente é digno de tal título, embora eu não seja um ''expert'' em chocolates: é leve, leva pouca farinha e açúcar, ao estilo dos doces franceses. Para os curiosos, fica na rua Oscar Freire próxima à rua Peixoto Gomide, nos Jardins. No meio de tantos cafés famosos e docerias, eis uma bela descoberta. PS: Já voltei outra vez para comer o tal bolo, mas não levo para casa para não me empanturrar...

Proposta Interessante

Os que costumam ler este blog, sabem de minha preocupação com o tema dos acidentes de trânsito. Por influência da corrente despenalizadora do Direito Penal, foi aprovado o atual Código de Trânsito. O resultado é que a legislação ficou defasada em relação a uma realidade monstruosa: milhares de vítimas são registradas a cada ano, em decorrência da conduta de motoristas irresponsáveis e/ou alcoolizados. Para fazer frente a esta realidade, instituições como o Ministério Público procuraram utilizar conceitos do Direito Penal- como o de Dolo Eventual - para aumentar as penas dos infratores. Embora correta a conduta do MP, para evitar a impunidade, não há segurança de sua adoção em todos os casos. Juízes venientes e júris emocionais podem não partilhar deste conceito, inocentando os assassinos do trânsito. Além disto, é duvidoso o papel da prisão no Brasil como meio de correção de condutas. Isto se os infratores- muitos de classe média, com condição de contratar bons advogados- forem para a mesma, ao final de um processo cheio de recursos. Em vista de tudo isto, é louvável a discussão iniciada pelo Ministro Tarso Genro sobre multas e confisco. Em um país marcado pela impunidade e pelos comportamentos anti-sociais e desviantes, há que se atribuir um papel crescente à punição pela parte mais sensível do ser humano atualmente: o bolso. Claro que multas confiscatórias tem uma constitucionalidade discutível, e certamente serão criticadas por muitos. E também é de se duvidar de um Governo que atua por meio de ''factóides'': a toda crise eles procuram divulgar propostas mirabolantes, como as feitas após a queda do avião da TAM no ano passado, que são esquecidas logo a seguir. Mas o principal é que se tocou no ponto nevrálgico desta questão: a única solução imediata para esta epidemia de mortes no trânsito, que vem ceifando inúmeras vidas como moscas, é afetar o BOLSO dos infratores, e bem pesadamente. Esperamos que estas propostas não sejam abandonadas mais uma vez, como tantas outras...

Casualidades...

No início do capitalismo, prevalecia a lógica que, com trabalho árduo, se venceria qualquer obstáculo. Com o decorrer do tempo, fomos vendo que esta lógica simples foi dando lugar a outras interpretações. Surgiram os rentistas, os capitalistas que viviam só da renda de suas aplicações( figura ainda muito comum no Brasil de hoje,não acham?). Hoje temos a figura dos ''neo-capitalistas'', que são os bandidos modernos. Eles se espelham no estilo de vida dos ricos e famosos, mas não tem paciência para esperar adquirir o mesmo modo de vida por meios lícitos. Por isto seqüestram e matam, em busca de carrões, tênis e roupas de grife. ''O dinheiro não tem cheiro'', é uma das máximas do Direito Tributário. Do mesmo modo, os ''neo-capitalistas'' do PCC e cia. imaginam poder ocultar-se tranqüilamente em um mundo onde o dinheiro fala mais alto, assim como as aparências. Mas não nos deixemos enganar por aqueles que conseguem dinheiro ''fácil'', seja de que forma for. Mesmo hoje, com tantos corruptos e ladrões, perseguidos pela polícia ou não, o sucesso continua como sempre foi. Uma combinação de espírito empreendedor e trabalho árduo. Os MELHORES triunfam em todos os campos do saber, das artes e do esporte. Falem em um nome de sucesso, e os rastros estão por todas as partes para detectar: trata-se de alguém que soube curar as dores e feridas, um obcecado pelo que faz a ponto de considerar o seu ofício muito mais um ''hobby'' do que um trabalho, um expert no seu ramo. Os nomes são inúmeros. Muricy Ramalho, no futebol. Washington Olivetto, na publicidade. Oscar Niemeyer, na Arquitetura. O saudoso Paulo Autran, no teatro e na TV. O sucesso não é só trabalho árduo- característica do ofício de milhões de anônimos batalhadores do dia-a-dia- e nem é só espírito empreendedor, que não dispensa a prática e os erros. É a soma dos dois. Claro que nem todos os ricos e famosos obtiveram o que tem pela soma destes dois fatores. Mas aqueles que optaram por ''atalhos'' mais ''fáceis'', por quanto tempo manterão suas posições? Qual a solidez do que possuem, em comparação com o resultado do trabalho de um Rogério Ceny, só para citar um exemplo? De quem lembraremos daqui há uma década: de um Renan Calheiros( ou da Mônica Veloso) ou de Rogèrio Ceny? O mundo continua sendo regido pelo mérito, não nos enganemos. Não fôsse isto, já teríamos nos explodido há muito tempo...O mundo continua sendo daqueles que não tremem diante dos obstáculos, daqueles que suam sangue nas batalhas de todos os dias, daqueles que não esmorecem jamais, daqueles que transformam suas dores e lágrimas em obras de arte que entretenem e consolam outros milhões de cidadãos. Daqueles que descobrem, enfim, que estão neste planetinha por algum propósito, e com algum tipo de missão a cumprir. Estes, ainda que não tenham vencido, já estão um passo adiante dos outros milhões que estão pastando às cegas, sofrendo e sem saber porquê, se julgando ''vítimas'' de algum destino que as escolheria ao acaso, beneficiando uns e perseguindo outros por puro arbítrio. Não existem acasos nesta vida. Há uma ordem por trás de tudo, por mais caótico que pareça. Nietzche deve ter enlouquecido em parte por ter concebido a figura do ''eterno retorno'': imaginem o horror que seria reviver as nossas simples vidinhas passo a passo, ainda mais sabendo que somos responsáveis por tudo o que nos ocorre...O bom é saber que este mundo é uma escola, e só precisaremos repetir as lições que não aprendermos por bem...Penas perpétuas, o inferno, o ''eterno retorno'' são ilusões daqueles que ainda não perceberam que tudo é inconstante e passageiro: as más, mas também as boas coisas. Dizia a música que ''tristeza não tem fim, felicidade sim''. A boa nova é que tudo tem fim, toda lição, por mais árdua que seja, tem fim. Todos somos atores em uma peça eterna, em que todas as personagens são passageiras. Hoje mendigos, amanhã reis, em uma linda alternância regida por uma força maior, uma ordem em meio ao caos aparente...